Controle biológico cresce no campo e ajuda na redução de custos da lavoura

Inimigos naturais trabalham em benefício do agricultor, controlando pragas e doenças. Mercado têm crescido com pesquisas e inovações técnicas, inclusive com a utilização de drones nas plantações.

 

Quem pensa que controle biológico é coisa só de pequeno produtor ou de agricultor alternativo, está enganado. O Globo Rural visitou fazendas de São Paulo para mostrar as novidades dessa técnica.

 

O Brasil tem 61 biofábricas produzindo inimigos naturais para uso no campo. É um mercado de milhões de dólares. O transporte e o armazenamento dos inimigos naturais exigem uma série de cuidados, já que esses aliados do agricultor são seres vivos.

Muitas batalhas são travadas no interior das lavouras. Insetos comem plantas, fungos atacam insetos, insetos devoram insetos, são disputas às vezes microscópicas... E naturais num ambiente em equilíbrio.

 

O problema é que na maioria dos cultivos, esse equilíbrio foi perdido pelo plantio de uma mesma cultura em áreas muito extensas e o uso de produtos químicos em excesso.

Claro que o Brasil também gasta muito por ter uma das maiores áreas plantadas do mundo e num clima que favorece cultivos o ano todo. Foi neste cenário que, em 2013, surgiu uma nova praga para desafiar os agricultores. A lagarta helicoverpa armígera devorou lavouras de soja, milho e algodão. Com a dificuldade de aprovação de produtos químicos o agricultor se abriu para uma nova alternativa.

 

“O que é que tinha disponível? Havia a utilização de vírus e a possibilidade de utilização de um parasitóide de ovos chamado trichograma. Então o agricultor começou a utilizar, e ele viu que dava bons resultados e passou a se interessar pela utilização do controle biológico”, explica o agrônomo e professor José Roberto Parra. Foi um marco importante, segundo Parra, um dos pioneiros no controle biológico.

 

Enquanto o trichogramma ataca os ovos da broca, a vespa cotésia, age sobre a fase de lagarta. Uma das maiores produtoras de cana do país abriga em suas instalações uma fábrica só para a produção de cotésias.

 

O processo começa com a retirada de papéis de dentro de um tubo cheio de mariposas, o inseto adulto da broca. Os papéis ficam lotados de ovos. Depois de um tempo as larvinhas começam a nascer. Pedaços do papel são colocados num outro frasco com alimento. De onde saem 378 mil brocas por semana. Depois de uns 19 dias, elas atingem cerca de 4 centímetros. Um avanço no controle da broca é esperado com a distribuição das cotésias através de uma cápsula de papel, lançada por drone. A agrônoma Gabriela Silva é dona da empresa que desenvolveu a cápsula.

...
Mercado de milhões de dólares

As lavouras brasileiras se estendem por mais de 70 milhões de hectares, um mercado enorme e desafiador.

Segundo o Ministério da Agricultura, o Brasil tem cerca de 170 produtos biológicos registrados. Em 2010 eram apenas 21. O interesse dos agricultores está crescendo, mas ainda há muito o que avançar. De todo o mercado de defensivos biológicos, a América Latina representa 13%. A Europa detém a maior parcela: 30%.

 

...
pensamento até do cafeicultor tradicional. “Hoje qualquer produto do mercado está ficando em torno de 300 reais por hectare, uma aplicação. A bovéria hoje é 60 reais, então é um quinto, com o mesmo resultado, mas na minha opinião é um resultado muito melhor porque é produto natural e deixa sua planta equilibrada. Passar só pro biológico é o sonho, cada vez mais imitar nossa floresta”, avalia o agricultor Faleiros. O sonho de recuperar o equilíbrio da natureza. É difícil, em cultivos tão extensivos. Mas, com monitoramento constante e tratamentos preventivos pelo menos é possível reduzir a quantidade de produtos químicos. "O controle químico dificilmente vai ser erradicado. O que existe é fazer o manejo integrado de pragas. O produto químico pode ser usado de forma mais racional”, comenta o agrônomo e professor José Roberto Parra.

Fonte: g1.globo.com
Foto Ilustrativa: Internet